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Música

Afluem homenagens à artista Sara Tavares falecida ontem em Lisboa

Morreu ontem à tarde em Lisboa, a cantora luso cabo verdiana Sara Tavares aos 45 anos, vítima de um tumor cerebral. A cantora que se tinha estreado na música no concurso "Chuva de estrelas" na televisão portuguesa nos anos 90, venceu o festival RTP da canção em 1994 com o título "Chamar a música". Seguiu-se depois uma carreira com cinco álbuns, o último dos quais, "Fitxadu", tendo sido editado em 2017. A cantora tem sido homenageada desde ontem tanto no quadrante político como artístico.

Sara Tavares em Paris em 2019.
Sara Tavares sobe ao palco do "Alhambra" esta noite em Paris. RFI/Miguel Martins
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Reagindo logo ontem à notícia, o Presidente cabo verdiano José Maria Neves, disse que a figura de Sara Tavares continuará presente, “como luz que alumia caminho”, o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, tendo enaltecido a "vocação, dedicação e determinação" da cantora.

Nas redes sociais, foram numerosos os artistas a também recordarem a figura de Sara Tavares. O músico angolano Paulo Flores que chegou a trabalhar com a cantora escreveu no Facebook "Meu ser de luz, as palavras serão sempre poucas para te dizer tudo o que fizeste por todos nós. Tua humanidade, tua delicadeza e doçura, teu talento que nos alimentou e tornou todos mais inteiros e com mais capacidade para dar e receber amor." Igualmente no Facebook, a cantora guineense Karyna Gomes escreveu “'Te amo' era só o que te dizia nos últimos tempos. E é só isso que sei. Teu legado? Podes deixar que vamos honrar!".

Em Cabo Verde, o bailarino e director artístico do Centro Cultural do Mindelo, António Tavares que conheceu a Sara Tavares há 25 anos, a caminho de Moçambique e com quem tinha uma relação profissional e de amizade e que em 2002 a desafiou para estar no projecto Opera Kriol, descreve a Sara Tavares como a partitura crioula que nunca morrerá. "Sara é canto para vários cantos do mundo, é amor no seu estado puro", descreve o artista.

Mais pormenores com Odair Santos.

02:09

Correspondência de Odair Santos sobre a morte de Sara Tavares

Também abalado com a notícia, o músico guineense Manecas Costa com quem Sara Tavares trabalhou designadamente no seu último álbum, "Fitxadu", não esconde a sua emoção.

"Sara Tavares é daquelas vozes que nunca se vai perder. Vai estar sempre na nossa mente, vai estar sempre connosco porque é um marco. Ela é uma bênção na nossa vida. Passou aqui rapidamente, ensinou-nos muita coisa, mas sobretudo, amizade, amor e carinho, admiração que ela sentia por mim e eu por ela. A Sara é aquela pessoa que todos nós conhecemos com coração de ouro, uma voz incrível. De facto, é uma perda. Estamos todos tristes. Eu ainda não aceitei a morte dela. Espero que ela tenha um eterno descanso. Eu perdi uma irmã. Ela era uma irmã para mim. Eu vou lançar o meu disco, se tudo correr bem, para o ano que vem. Temos uma canção que ainda não saiu, eu e ela. Ela empresta a voz dela para cantar crioulo da Guiné-Bissau. Acho que vai ser um grande momento. No dia em que eu lançar, acho que vai causar saudade e de certeza que muita gente vai chorar porque ela cantou tão bem o crioulo da Guiné-Bissau. Fez tão bem, como ela gosta de fazer. Eu só posso dizer que de facto, conhecer a Sara Tavares é conhecer alguém que trouxe algo de tão especial na minha vida", declara o músico.

01:16

Músico guineense Manecas Costa

A cantora moçambicana Selma Uamusse que partilhou o palco e uma grande amizade com Sara Tavares também recorda com carinho a artista.

"Eu acho que a memória que a Sara quis deixar para todos nós, foi de uma pessoa de convicções, uma grande rainha da música, de alguém que tratava a música por "tu", mas ao mesmo tempo de alguém que sabia colaborar, sabia abraçar a música de uma forma generosa e de uma forma partilhada com outros. Ela tinha uma identidade muito forte, começou muito cedo e é uma referência para muitos de nós que nos tornamos amigos dela. Muitos de nós, antes de sermos amigos dela, éramos fãs dela. Por isso, as memórias que levo -e dou muitas graças a Deus por isso- são de partilha de mesa, de partilha de colo, de amizade, de uma admiração muito grande enquanto música, enquanto cantora e de obviamente termos partilhado o palco várias vezes, mas de uma forma tão generosa com que a Sara abraçou a minha música e também com que a cantou, quase de uma forma que as canções pareciam mais dela do que minhas. Eu guardarei para o resto da vida o facto de ela ter cantado o "Mati" que era uma das músicas preferidas dela, comigo, em casa, em salas de ensaio, em salas de espectáculo. Mas acima de tudo, duas coisas: uma amizade verdadeira e uma admiração gigante pela artista muito completa que ela era", lembra a cantora.

01:22

Cantora Moçambicana Selma Uamusse

Refira-se que ao longo do seu percurso que começou no concurso televisivo "Chuva de Estrelas" onde marcou os espíritos com a sua interpretação de um êxito da Whitney Houston, Sara Tavares enveredou pela world music, nomeadamente ao explorar as suas raízes cabo verdianas mas também ao estabelecer pontes com sonoridades de outros países e outros géneros, nomeadamente a música electrónica.

O seu emblemático “Balancê” (2005) valeu-lhe um disco de platina e uma nomeação como Artista Revelação aos prémios BBC Radio 3 World Music, Sara Tavares tendo sido nomeada para os Grammy Latinos com o seu disco “Fitxadu” (2017).

Mais recentemente e após cinco anos de silêncio, a artista tinha vindo a divulgar novas músicas, nomeadamente “Kurtidu”, lançada em Setembro pela Sony Music.

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