Protestos pós-eleitorais em Belgrado vistos por Moscovo como tendo mão ocidental
Na Sérvia, manifestantes bloquearam ontem à noite as artérias de Belgrado, a capital, para protestar contra alegadas fraudes eleitorais nas legislativas do passado dia 17 de Dezembro, nas quais a vitória foi atribuída ao partido ao partido nacionalista e pro-russo do presidente Aleksandar Vucic. Este último acusou o ocidente de estar a tentar "desestabilizar" o seu país.
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Belgrado tornou ontem à noite a ser palco de protestos da oposição contra os resultados das legislativas do dia 17 de Dezembro marcadas por suspeitas de fraude. Esta nova noite de manifestações segue-se a violências registadas no domingo com um balanço de oito polícias feridos e pelo menos 35 detenções.
Uma situação condenada pelo Presidente sérvio Aleksandar Vucic que afirmou ter provas de que tinha sido "fomentada no estrangeiro". No mesmo sentido, o principal aliado de Belgrado, a Rússia, também considerou que "o Ocidente, no seu conjunto, está a tentar desestabilizar a situação" na Sérvia.
Nas legislativas do passado dia 17 de Dezembro, o partido nacionalista de Aleksandar Vucic alcançou mais de metade dos 250 assentos do parlamento. Contudo, a maior coligação de oposição, 'A Sérvia contra a violência', denunciou, no dia seguinte, fraudes eleitorais, esta entidade apontando nomeadamente que sérvios da Bósnia teriam tido a possibilidade de votar ilegalmente na capital.
Perante estas alegações, a União Europeia e a Alemanha não deixaram de reagir, Berlim qualificando-as de "inaceitáveis" para um país que pretende aderir à União Europeia.
Chegado ao poder como Primeiro-ministro em 2014 e eleito Presidente em 2017, Aleksandar Vucic, tem tentado manter um equilíbrio nos laços com o Leste e o Ocidente, ao promover a adesão do seu país à União Europeia e ao manter-se também muito próximo da Rússia, sem deixar de parte a China e Washington.
Este equilíbrio tem vindo, todavia, a fissurar-se com a invasão da Ucrânia pela Rússia em Fevereiro de 2022. Contrariamente à União Europeia, Belgrado nunca aplicou sanções contra a Rússia, de onde continua a importar gás. Belgrado e Moscovo também nunca reconheceram a independência do Kosovo, antiga província sérvia que se proclamou independente em 2008, na sequência de uma campanha de bombardeamentos aéreos da NATO destinada a pôr termo à repressão sérvia contra os albaneses kosovares.
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