Emmanuel Macron visita Brasil entre cooperação e divergências

Brasil – O Presidente francês, Emmanuel Macron, inicia esta terça-feira, 26 de Março uma visita de três dias ao Brasil. No programa: geopolítica, cooperação e ecologia.

Emmanuel Macron visita Brasil entre cooperação e divergências. AFP - LUDOVIC MARIN

O Presidente francês, Emmanuel Macron, termina esta terça-feira a visita de dois dias à Guiana Francesa com uma visita ao centro espacial de Kourou antes de prosseguir a sua visita de Estado ao Brasil. 

Esta é a primeira visita oficial de Emmanuel Macron à América Latina, com excepção de uma visita a Buenos Aires no final de 2018 para uma cimeira do G20. O Presidente francês chega esta terça-feira a Belém, a grande cidade da Amazónia, sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP30, no próximo ano.

Na agenda do Presidente francês está a desflorestação, o ambiente e o clima, a Ucrânia e Gaza, a cooperação económica e militar entre os dois países, sem abordar questões do Mercosul.

A visita do chefe de Estado francês acontece num momento de diferendos entre Emmanuel Macron e o seu homólogo brasileiro, Lula da Silva. Para descartar a questão das futuras negociações comerciais entre os países latino-americanos do Mercosul e a União Europeia e evitar que as relações bilaterais se degradem, Paris argumentou que é Bruxelas e não o Eliseu quem conduz as negociações.

Perante as manifestações dos agricultores no início do ano, Emmanuel Macron apresentou medidas ambientais mais duras para proteger a agricultura em França face aos produtos brasileiros e de outros países latino-americanos.

O Presidente brasileiro lembrou que o encontro vai privilegiar a relação bilateral entre Brasil e França, a assinatura de acordos de cooperação e os desafios geopolíticos globais. Sobre as questões geopolíticas também existem divergências: a França aumentar o tom contra Vladimir Putin, nomeadamente sobre as declarações de um hipotético envio de tropas para a Ucrânia. Emmanuel Macron vai pedir a Lula da Silva que o ajude a chamar a Rússia à razão sobre a guerra na Ucrânia. O dirigente brasileiro que tem vindo a recusar tomar partido contra a Rússia, Lula felicitou Vladimir Putin pela recente vitória eleitoral.

No início da visita, em Belém, os dois líderes vão abordar uma questão que os une: a transição ecológica. Mais especificamente, a desflorestação. Nesta visita, Emmanuel Macron aposta na transição energética do Brasil; na luta contra a desflorestação da amazónia que recuou desde que Lula da Silva chegou ao poder, no ano passado. A França quer traçar um roteiro estratégico sobre as questões energéticas, a energia nuclear ou o hidrogénio renovável.

A visita do chefe de Estado francês acontece depois de um corte nas relações políticas entre os dois países durante a presidência de Jair Bolsonaro.