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Turquia

Oposição turca alcança vitória nas eleições autárquicas de Domingo

Na Turquia, a oposição alcançou uma vitória histórica nas eleições autárquicas deste Domingo. O Presidente Erdogan perdeu as suas primeiras eleições ao fim de 22 anos de poder.

Na Turquia, a oposição alcançou uma vitória histórica nas eleições autárquicas deste Domingo. O Presidente Erdogan perdeu as suas primeiras eleições ao fim de 22 anos de poder.
Na Turquia, a oposição alcançou uma vitória histórica nas eleições autárquicas deste Domingo. O Presidente Erdogan perdeu as suas primeiras eleições ao fim de 22 anos de poder. AP - Khalil Hamra
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Um verdadeiro terramoto eleitoral aconteceu ontem e de forma inesperada e surpreendente. Nenhuma sondagem previu o que se passou: a oposição não só manteve o controlo das câmaras municipais de Istambul e Ancara, como conquistou muitas outras metrópoles, e ultrapassou mesmo o Partido da Justiça e Desenvolvimento -AKP- do presidente Recep Tayyip Erdogan, a nível nacional.

No geral do país, o CHP (Partido Republicano do Povo, esquerda republicana e laica), o maior da oposição, ganhou as eleições com 38% dos votos a nível nacional, o seu melhor resultado desde 1977, seguido do AKP, com 35,5%. O partido curdo (DEM, Partido Popular para a Igualdade e Democracia) atingiu 6%, a mesma percentagem da Nova Prosperidade (YR, islamita).

O CHP conquista 14 das 30 maiores cidades turcas, incluindo nas 5 maiores metrópoles do país – Istambul, Ancara, Esmirna, Bursa e Adana, enquanto o AKP conquistou apenas 12 das 30 maiores aglomerações urbanas. As margens de vitória da oposição são também surpreendentes – 11% em Istambul, e 28% em Ancara, um resultado tanto mais surpreendente quanto desta vez, e ao contrário das últimas eleições autárquicas em 2019 e das eleições presidenciais no ano passado, a oposição apresentou-se fragmentada e dividida, com vários partidos – o CHP, mas também o Partido Bom (Iyi, nacionalista) e o DEM, a apresentarem os seus próprios candidatos.

São três as razões para este novo mapa eleitoral: em primeiro lugar, a abstenção cresceu um pouco e foram os eleitores de Erdogan que ficaram em casa, talvez porque o escrutínio decorreu em pleno Ramadão, algo inédito na recente história eleitoral turca.

Depois, o YR, um novo partido ainda mais islamista que o AKP, cresceu à sua direita, junto do eleitorado mais religioso, e parece ter-lhe retirado votos cruciais, conquistando inclusivamente uma das maiores 30 cidades turcas (Sanliurfa).

Mas sobretudo, o eleitorado turco desta vez votou com a sua carteira. A Turquia sofre uma hiperinflação a roçar os 70%, e todos sentem degradação constante do poder de compra, sobretudo os pensionistas.

Num discurso humilde e apaziguador, Erdogan concedeu ontem à noite a derrota: “venceu a democracia”, disse o presidente. “Iremos reflectir e tirar lições, mas trabalharemos com a oposição. Sobretudo, não há agora eleições nos próximos 4 anos, e iremos continuar a trabalhar para baixar a inflação e para melhorar o estado da economia, prometeu ainda Erdogan.

Uma outra consequência destas eleições é que Erdogan ganhou num rival de peso - Ekrem Imamoglu, o carismático presidente da câmara de Istambul, parece agora projectado para mais altos voos a nível nacional – provavelmente ambicionará agora defrontar Erdogan ou o seu sucessor nas próximas presidenciais em 2028.

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