Luís Frade: «Esta época está a ser boa para nós, boa para mim, boa para o FC Barcelona»
As quatro equipas apuradas para a final four da Liga dos Campeões europeus de andebol masculino já são conhecidas: os germânicos do Kiel e do Magdeburgo, os dinamarqueses do Aalborg e os espanhóis do FC Barcelona, numa prova que vai decorrer em Colónia, na Alemanha.
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A segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões acabou por trazer algumas surpresas.
Os germânicos, e detentores do troféu, do Magdeburgo venceram por 23-22 na segunda mão e levaram o jogo para o desempate nos livres directos, arrecadando o triunfo por 4-3. Recorde-se que na primeira mão, os polacos do Kielce tinham vencido por 27-26.
Os dinamarqueses do Aalborg derrotaram os húngaros do Veszprém por 33-28 e apuraram-se para a final four, isto apesar da derrota na primeira mão na Hungria por 31-32.
A maior surpresa veio da Alemanha. Os germânicos do Kiel, que foram derrotados por 30-39 na primeira mão, conseguiram vencer com dez golos de diferença por 31-21 e eliminar os franceses do Montpellier.
A única equipa que não teve de inverter a situação foram os espanhóis do FC Barcelona que venceram em casa, na Catalunha, por 32-31, isto após o triunfo na primeira mão por 30-22 na deslocação ao terreno dos franceses do Paris Saint-Germain.
A RFI teve a oportunidade de falar com o português Luís Frade, após a primeira mão. Recorde-se que Luís Frade, de 25 anos, já representou o Águas Santas e o Sporting Clube de Portugal em território português.
No FC Barcelona, o internacional luso já venceu duas vezes a Liga dos Campeões, e também já arrecadou três Ligas de Espanha, duas Supertaças, duas Taças e quatro Taças da Liga, tudo em território espanhol.
Em entrevista à RFI, Luís Frade, andebolista português de 25 anos, mostrou-se satisfeito com a temporada do FC Barcelona, já Campeão de Espanha, e afirmou que o objectivo do FC Barcelona é todos os anos estar presente na final four da Liga dos Campeões europeus de andebol masculino.
Neste ano olímpico, Luís Frade também abordou a eliminação de Portugal na corrida às Olimpíadas, realçando, no entanto, que a selecção está a evoluir bem como o andebol português com clubes como o FC Porto e o Sporting CP.
RFI: A final four é sempre o objectivo para o FC Barcelona?
Luís Frade: O objectivo é sempre chegar à final four. O andebol é um desporto ingrato como todo o desporto, mas nós temos de estar preparados para isso, para o bom e para o pior, para o que pode vir. Nós temos de estar preparados.
RFI: Como é que tem sido esta temporada para o Barcelona? Primeiro lugar no campeonato, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Por enquanto, é satisfatória esta temporada?
Luís Frade: Sim, claro que sim. Tivemos alguns percalços, algumas derrotas na época. Começamos o campeonato mal com um empate em Bidasoa, mas agora, felizmente já somos campeões da ASOBAL. Sinto que a equipa está numa fase ascendente. Estas duas semanas ou três que tivemos a pausa da Champions, até aos quartos-de-final, deu para nos pormos um bocadinho melhor fisicamente. E sim, estamos numa grande ascensão. Sinto que temos jogadores enormes, temos laterais direitos dos melhores do mundo, temos guarda-redes dos melhores do mundo. Estou muito feliz pela nossa equipa, muito orgulhoso.
RFI: Que análise podemos fazer da primeira mão frente ao PSG?
Luís Frade: Acho que fizemos um grande trabalho. Começámos o jogo de uma maneira um bocado apertada. Eles jogaram muito bem no início e tiveram um super Andreas Palicka (ndr: guarda-redes do PSG) na primeira parte, mas nós conseguimos passar por cima. No intervalo, conseguimos voltar a ter as nossas forças e conseguir pausar o nosso jogo e pensá-lo melhor. E as coisas começaram a acontecer. Na defesa sempre tivemos bem, 14 golos na primeira parte é um uma boa margem e agora 22 golos na segunda é incrível. Conseguimos uma diferença de oito golos. O PSG é uma grande equipa, que tem alguns jogadores cotados.
RFI: Mas houve uma certa preocupação no fim da primeira parte da primeira mão visto que estavam a perder por 14-11?
Luís Frade: É o andebol. O andebol é assim. Já estamos habituados a estas coisas. Temos aqui jogadores de grande gabarito e já estão habituados, já estão mais do que calejados para este tipo de resultados. Mas sim, tivemos de afinar algumas coisas. Sinto que na defesa tivemos incríveis. Conseguimos anular bastante as suas principais acções e no ataque, na primeira parte eles tiveram um guarda-redes muito bom, e na segunda nós conseguimos ultrapassá-lo.
RFI: Houve aqueles momentos em que, até o próprio Luís, conseguiram marcar na baliza vazia. Espantou essa do PSG?
Luís Frade:Sim, já sabíamos que o PSG jogava muitas, muitas vezes sete contra seis. É um risco que eles correm. Tivemos um Gonçalo (ndr: Pérez de Vargas, guarda-redes do FC Barcelona) incrível que também conseguiu parar algumas bolas e nesse remate de baliza aberta no meio-campo, nós também treinamos isso. Estou feliz pelo resultado que tivemos.
RFI: Seis golos nesse jogo. Como é que vê a sua prestação individual?
Luís Frade: Sinceramente, acho que temos de pensar mais na equipa. Ainda por cima na minha posição, que eu jogo muito para os outros. A minha prestação é muito, muito pequenina em relação ao que nós fizemos.
RFI: Quanto ao Luís, mais uma temporada com o Barcelona. Houve várias temporadas em que houve lesões, houve percalços e esta temporada na sua globalidade, para si pessoalmente, como tem sido?
Luís Frade: É a primeira temporada em que o pivô titular é verdade. Sinto um privilégio enorme. Só tenho de agradecer ao Barcelona e a toda a minha equipa pela oportunidade que me tem dado e pela esperança que depositam em mim. Eu tento fazer o melhor que posso e estou aqui para ajudá-los. Já sabem que para a guerra estou aqui eu, e para o que seja. Por isso sinto que esta época está a ser boa para nós, boa para mim, boa para o andebol português, boa em todos os aspectos. Sinto que foi um grande passo que dei nesta temporada e só quero continuar a caminhar.
RFI: Continua a seguir o andebol em Portugal?
Luís Frade: Mais ou menos. Sinceramente é um bocado difícil acompanhar porque jogamos quase sempre no mesmo dia. Sim, nas competições europeias acompanho. Esteve o Porto, fez uma grande campanha, mesmo tendo percalços como no início, a lesão do Vítor, a mudança de treinador. O Porto está numa situação complicada, mas o Sporting está a fazer uma grande campanha ao nível internacional. Sinto que o andebol português está a crescer, tanto a nível interno de competições como a nível de selecções nacionais, e só temos de continuar nesse registo.
RFI: Sente que o andebol português está a evoluir, apesar de não terem conseguido o feito de alcançar novamente o apuramento para os Jogos Olímpicos?
Luís Frade: Eu que estou a jogar cá fora, consigo sentir as opiniões e as coisas que me dizem. E sim, nós já não somos a selecção ‘underdog’ que toda a gente diz. Nós já somos uma selecção de respeito, uma selecção que as equipas sabem que vão jogar contra e que nós vamos dar luta. Isso é um grande orgulho para nós. Nós não fazemos coisas pequeninas, nós fazemos coisas enormes. O Pré-Olímpico é uma competição muito difícil, onde estão as melhores selecções do mundo. E foi o que aconteceu. Nós simplesmente tivemos um pequeno percalço com a Noruega que não estávamos à espera, visto que na primeira parte conseguiram encaixar muito bem. E depois é o andebol. Na Hungria, num pavilhão cheio com 5500 húngaros, não é fácil jogar para ninguém. Estou muito contente com a nossa prestação. Agora temos uma pausa internacional a seguir ao jogo em casa. Vamos ter a qualificação (ndr: para o Mundial 2025) e só esperamos o melhor.
Luís Frade, internacional português do FC Barcelona 29-04-2024
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