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Portugal/Cabo Verde/Guiné-Bissau/São Tomé e Príncipe

Portugal: "Reparação às ex-colónias está a ser feita"

O Presidente português disse que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação portuguesa com as ex-colónias. Marcelo Rebelo de Sousa está em Cabo Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação com campo de concentração do Tarrafal.

Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. © Armando Franca / AP
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O chefe de Estado português considera que que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação portuguesa com as ex-colónias. Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que Portugal nunca teve duvidas sobre a prioridade a dar aos países que falam português.

“Ainda agora houve um apelo das instituições internacionais para o Norte apoiar o Sul. Para Portugal não houve dúvidas nenhumas sobre a prioridade a dar àqueles que são Estados que falam português, que vieram a independência depois de terem sido colónias”, explicou.

O chefe de Estado português sublinhou que a que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação portuguesa com as ex-colónias

“[Está] a ser feita, mas vai continuar a ser feita. É um processo, está em crescendo”, acrescentou.

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Marcelo Rebelo de Sousa, chefe de Estado de Portugal

Marcelo Rebelo de Sousa está em Cabo Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação com campo de concentração do Tarrafal.

Por seu lado, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves salientou que em democracia não há tabus, reiterando que as relações entre Cabo Verde e Portugal são excelentes.

“Não há temas tabus em democracia e entre nós. Então, com a maturidade que nós já temos de conversar como gente que se entende e de discussão em democracia nascem novas luzes. (…). As relações são excelentes, muito maduras e de todas as nossas discussões podem nascer novas luzes para construirmos um novo futuro, um futuro muito melhor para os cabo-verdianos e para os portugueses”, notou.

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José Maria Neves, chefe de Estado de Cabo Verde

Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, num evento com os jornalistas estrangeiros, que Portugal devia assumir a responsabilidade total pelos crimes cometidos no passado colonial português.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse respeitar a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, mas evitou comentar os propósitos do chefe de Estado português sobre o processo de Portugal assumir e reparar as consequências do período do colonialismo.

O chefe de Estado são-tomense, Carlos Vila Nova, reconheceu que os actos de maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos.

“Houve colonizadores e houve países colonizados. No nosso caso, Portugal colonizou cinco países em África e essa colonização hoje é parte da nossa história. A descolonização pode estar resolvida, mas os actos de maus tratos e de violência e outros que aconteceram não está resolvido”, defendeu.

O chefe de Estado português acrescentou que esses crimes tiveram custos que “é preciso avaliar a forma como é possível reparar acções que não foram punidas, responsáveis que não foram presos, bens que foram saqueados e que não foram devolvidos”.

As declarações surgem num contexto em que tem havido crescentes reivindicações de organizações da sociedade civil no sentido de Portugal e outras antigas potências coloniais compensarem os países que ocuparam e de se estabelecer um tribunal especial sobre a questão.

Durante praticamente os 500 anos da colonização portuguesa, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram raptados e levados dos seus territórios de origem para lugares distantes, designadamente o continente americano, onde a sua força foi usada no trabalho escravo.

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