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Futebol

Nuno da Silva: «Regressei a Moçambique para conquistar títulos com a UD Songo»

O Campeonato Moçambicano de futebol masculino entra este fim-de-semana na terceira jornada com um embate entre o Costa do Sol e a UD Songo.

Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo.
Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo. © Cortesia Nuno da Silva
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O Moçambola, versão 2024, já conta com duas jornadas realizadas e quatro equipas já se destacam: a UD Songo, o Black Bulls, o Desportivo de Nacala e o Ferroviário de Nampula que têm ambos seis pontos, dois triunfos em dois jogos.

O Campeão 2023, o Ferroviário da Beira, está por enquanto no nono lugar com apenas um ponto. De notar que houve mudanças no clube, a começar pela saída do treinador, Hélder Duarte, que regressou ao Black Bulls, equipa com a qual já tinha, também, sido campeão.

Na Supertaça, o Black Bulls venceu o Ferroviário da Beira por 2-0.

No Moçambola 2024, há por enquanto quatro equipas invictas, mas este domingo 5 de Maio, o Black Bulls vai defrontar o Ferroviário de Nampula, o que significa que uma ou até as duas equipas não vão manter esse ritmo 100% vitorioso, isto enquanto o Desportivo de Nacala vai medir forças com o Ferroviário de Lichinga e a UD Songo vai deslocar-se ao terreno do Costa do Sol.

A União Desportiva do Songo, que terminou no quinto lugar em 2023, quer voltar a conquistar o título de Campeão, tendo para isso contratado o treinador britânico Mark Harrison.

Recorde-se que a UD Songo venceu três Campeonatos de Moçambique, duas Taças e uma Supertaça, ao longo da sua história, sem contar já em 2024 com a Taça Provincial.

O técnico inglês vai poder contar com um adjunto português, Nuno da Silva, que regressa a Moçambique, sete anos após a última experiência no Ferroviário da Beira, ele que também representou o Ferroviário de Nampula em Moçambique, mas igualmente o Interclube em Angola, sempre como adjunto para o técnico proveniente da cidade de Viana do Castelo em Portugal.

Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo.
Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo. © Cortesia Nuno da Silva

Em entrevista exclusiva à RFI, Nuno da Silva contou-nos como tem sido o regresso a Moçambique, mas antes disso abordou o início de temporada da UD Songo e dos objectivos que passam por tentar conquistar o título de Campeão.

RFI: Que análise podemos fazer deste início de temporada com dois triunfos por 2-0 frente ao ao Textáfrica e ao Ferroviário de Lichinga?

Nuno da Silva: Tem sido um início de temporada, tal como esperávamos, difícil, mas a cumprir os objectivos que nos propusemos. É o terceiro jogo oficial, iniciámos com o primeiro jogo da Supertaça Provincial, no qual a conquistamos 5-0 diante do Chingale, e os dois jogos do Campeonato do Moçambola, no qual vencemos fora e em casa, ambos por duas bolas a zero. Acho que foram duas vitórias, sem grande margem de dúvida. Vencemos, fizemos boas exibições, conseguimos dois golos em cada partida e conseguimos também arrecadar o prémio de melhor jogador da partida em qualquer um desses dois jogos.

RFI: 2-0, quando se olha para o resultado, pode se dizer que foi fácil?

Nuno da Silva: Foram dois jogos de vitória clara, mas de fácil não teve nada. Fomos no primeiro jogo defrontar um adversário que foi o primeiro campeão nacional da história de Moçambique, o Textáfrica, uma equipa recém-promovida novamente à elite do futebol moçambicano. Um campo difícil, constantemente um ambiente adverso, no qual tivemos também a felicidade de entrar bem na partida. Ao primeiro minuto estávamos a vencer, acabámos por controlar e na segunda parte aumentámos o resultado. Tivemos várias oportunidades, ficou apenas por 2-0, mas de fácil não teve nada. Em casa vai ser o habitual. As equipas, se calhar com menos pressão, vêm a nossa casa defender bastante, dificultar bastante e adiar o resultado, mas conseguimos desbloquear perto do final da primeira parte. Fizemos 1 a 0, na segunda parte acabámos por controlar e na parte final voltámos a ter novamente várias oportunidades. Fizemos o 2-0.

RFI: Quando é uma nova equipa técnica que chega ao leme de uma equipa, neste caso da União Desportiva do Songo, o início de temporada é assim tão importante? Ou, se houver, por exemplo, um percalço, um empate, uma derrota, não é assim tão importante no início também de um processo.?

Nuno da Silva: É bastante importante haver ligações, até porque a equipa técnica, para além de ser nova no clube, é nova em termos de relações, porque apenas havia duas ligações entre o treinador principal e o treinador-adjunto. Ambos já tinham trabalhado fora do país, mas todos os restantes não tinham trabalhado juntos. Então estas ligações, estas conexões e a ideia ser uníssona para passar à equipa é realmente importante. Relativamente a um percalço, um percalço é sempre algo que pode acontecer e temos de estar preparados para que isso aconteça. Evitar ao máximo que o mesmo suceda, não é? Mas sim, pode acontecer. No início de campeonato, fomos a um adversário difícil, que tinha muito para mostrar. Tinha pouco a perder por se tratar de um regresso ao Moçambola. Depois defrontámos uma equipa bem orientada, com um treinador muito experiente que conhecia também os cantos à casa, também passou por ser um jogo difícil. Na verdade, conseguimos construir dois resultados positivos e agora teremos mais um embate difícil na casa de um bom adversário, de um candidato ao título. Vamos trabalhar para levar de vencido e conquistar novamente os três pontos.

RFI: O Costa do Sol é o próximo jogo. Que antevisão podemos fazer desse jogo frente ao Costa do Sol, que já perdeu um jogo nesta temporada?

Nuno da Silva: É um adversário difícil, joga em casa. Sabemos que tem uma equipa recheada de bons valores. Perdeu efectivamente a primeira partida da prova, conseguindo na segunda vencer novamente. Neste momento penso que é uma equipa moralizada pelo resultado conseguido na semana anterior, mas nós vamos também com muita ambição. Vamos com duas vitórias, vamos com espírito positivo e não nos passa pela cabeça outro resultado que não seja a conquista de pontos na casa do Costa do Sol. Sabemos, evidentemente, as dificuldades que vamos encontrar. Sabemos das qualidades do adversário, mas nós também temos as nossas qualidades, as nossas valências. É isso que vamos tentar colocar amanhã, durante os 90 minutos.

RFI: Olhando para o plantel do Songo, é um plantel com experiência, com vários jogadores que são ou já foram internacionais moçambicanos. Quando se tem um plantel recheado assim de jogadores com qualidade, só se pode sonhar com o título?

Nuno da Silva: É inegável que o plantel tem bastante qualidade. Toda a gente sabe que tem vários internacionais, por vários países. Claro que não deixa dúvidas que existe muita qualidade no plantel. Por vezes, a dificuldade num plantel com tanta qualidade é efectivamente isso, é tentar que essa qualidade toda junta consiga criar uma boa equipa e é isso que estamos a trabalhar. Sabíamos de antemão que a qualidade individual dos atletas era enorme e estamos a tentar juntar essa mesma qualidade para criar também uma equipa enorme, uma equipa que possa efectivamente lutar pelos objectivos que o clube se propõe, que são títulos.

RFI: Que objectivo foi pedido à equipa técnica pela direcção? O título no Moçambola?

Nuno da Silva: É inegável. Sabemos da posição que ocupamos na época passada. Sabemos que ficámos também fora das competições africanas e é algo que não queremos repetir. Não queremos ficar fora do contexto top africano, ou seja, das competições africanas. E queremos revalidar algo que já conquistamos e que com esta qualidade, penso que nos permite lutar pela reconquista de algo que já o conseguimos no passado e queremos voltar a conquistar, que é o título do Moçambola.

RFI: Nova experiência, nova aventura em Moçambique. O que é que o convenceu a aceitar este novo desafio?

Nuno da Silva: Efectivamente um regresso a África e, concretamente a Moçambique. O objectivo principal é, sem dúvida, poder lutar por conquistas, poder lutar por títulos. Não foi a única proposta que tive, concretamente do mercado africano e mesmo em Moçambique, mas convenceu-me o projecto de tentar reconquistar algo que foi perdido, que era o título e o estar presente nas competições africanas no próximo ano.

RFI: Como é que está a ser essa experiência, essa nova experiência, sobretudo com um treinador britânico?

Nuno da Silva: Ter uma nova experiência também foi algo que me cativou, trabalhar com diferentes métodos de trabalho, um cidadão com o conhecimento vasto do futebol africano. Tem sido benéfico mesmo a própria linguagem, o dia-a-dia passa por duas línguas, passa pelo inglês e pelo português e é algo enriquecedor, quer para a minha trajetória, quer até para a minha vida pessoal. Tem sido bastante interessante trabalhar com um treinador com outra metodologia e para mim tem sido também muito importante voltar a um contexto profissional que me permite lutar por títulos.

RFI: Que nível tem agora este Moçambola? Houve uma evolução desde a sua saída, antes do seu regresso?

Nuno da Silva: Estive cá a última vez em 2017, trabalhei juntamente com o Mister Rogério Gonçalves no Ferroviário da Beira, no qual disputamos também a Liga dos Campeões, onde acabámos por ser eliminados sem ter perdido um único jogo. Mas sim, noto em termos de infra-estruturas, noto em termos de profissionalismo. Penso que o atleta moçambicano neste momento tem mais vontade de despontar e de dar o salto do que há precisamente sete anos. Penso que estavam mais acomodados nessa altura. Neste momento, talvez por ter mais referências lá fora, penso que mais precocemente mais jovens, queiram uma atitude mais profissional e com vontade de dar o salto ainda mais cedo. Parece-me importante. Parece-me importante também a evolução do atleta. Vejo um atleta mais consolidado a nível táctico, ainda com algumas dificuldades, é verdade, mas vejo que já se trabalha melhor na formação e que chegam à equipa sénior também com qualidade superior ao que eu encontrei há sete anos.

RFI: O que é que deseja para esta temporada?

Nuno da Silva:Para o Nuno eu desejo o melhor (risos). Desejo que o Nuno conquiste as provas em que está inserida a União Desportiva de Songo, o Moçambola e a Taça. E que consiga, no final da temporada, fazer valer a pena o esforço desta mudança, o esforço de aceitar esse projecto e que toda a gente fique feliz com as conquistas da União Desportiva de Songo. É isso que eu desejo ao Nuno. É isso que eu desejo a todo o staff da União Desportiva, aos meus atletas e claramente também ao público da União Desportiva do Songo.

RFI: Pelo menos já houve uma taça festejada que é a Taça Provincial, já houve uma taça conquistada.

Nuno da Silva: Sim, é verdade, já saiu daqui com o título conquistado. Evidente que é algo que o clube tem conquistado recorrentemente ano após ano, mas os objectivos têm que ser maiores, têm que ser mais fortes. Esse já está, é evidente, mas já faz parte do passado, já o conquistamos e agora o objectivo passa por conquistar os dois que restam da temporada, que é o campeonato e a taça. Iremos fazer tudo para o conquistar e no final que a gente seja feliz e consiga alcançar todos esses objectivos.

08:40

Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo 03-05-2024

Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo.
Nuno da Silva, treinador-adjunto da UD Songo. © Cortesia Nuno da Silva

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