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França

Gaza: "Manifestações vão continuar até que Governo ouça estudantes sobre este conflito"

A Sciences Po Paris realizou esta quinta-feira um debate interno sobre o Médio Oriente. A direcção sublinha um momento "difícil" e rico em "emoção", numa altura em que o Governo aperta a vigilância face à multiplicação de acções de apoio a Gaza nas universidades francesas.  

A Sciences Po Paris realizou esta quinta-feira um debate interno sobre o Médio Oriente.
A Sciences Po Paris realizou esta quinta-feira um debate interno sobre o Médio Oriente. AFP - DIMITAR DILKOFF
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"Foi um debate difícil, com tomadas de posição claras, muita emoção e agora espero que todos recuperem a calma" disse Jean Bassères, administrador provisório da Sciences Po Paris.

Mal o debate terminou, as organizações estudantis mobilizadas - Union étudiante e Solidaires  - convocaram novas acções. Estudantes ouvidos pela AFP criticam a “ausência de respostas claras”, além da “recusa em criar um grupo de trabalho para reavaliar as parcerias da Sciences Po".

Também esta quinta-feira, a ministra do Ensino Superior, Sylvie Retailleau, repetiu que "estava fora de questão que as universidades tomassem uma posição institucional a favor de qualquer reivindicação específica no conflito em curso no Médio Oriente". 

Em entrevista à RFI, Andreas Guillén Meza, estudante chileno na Sciences Po Paris, sublinha que o debate desta manhã poderia ser visto como uma tentativa para acalmar os ânimos, todavia não esquece que a instituição tem vindo regularmente a impedir toda e qualquer acção sobre a Palestina.

A Sciences Po tem vindo a impedir a realização de actividades que tenham vínculos com o que acontece na Palestina. Importante também não esquecer que quando acontece alguma actividade pró-Palestina, a Sciences Po é bem rápida e contra qualquer tipo de promoção, mesmo para o debate ou para dar informações sobre o que acontece na Palestina.

Andreas Guillén Meza denuncia “dois pesos e duas medidas” por parte das instituições francesas em relação à Ucrânia e a Gaza, uma vez que as instituições de ensino francesas procederam ao corte de relações com as instituições russas após a invasão da Ucrânia. O mesmo não acontece com os estabelecimentos de ensino israelitas.

Existiu durante a invasão russa da Ucrânia, uma postura de acção para bloquear todas as instituições universitárias russas. A Sciences Po também fez parte disso. 

Agora, a postura com Israel é bem diferente. Uma postura de nem sequer rever ou tentar discutir, debater sobre os acordos que eles têm agora com estas universidades.

Questionado sobre as acções de futuro, Andreas Guillén Meza é peremptório: "as manifestações vão continuar até que o Governo e as instituições ouçam o que os estudantes têm a dizer sobre este conflito.”  

Os estudantes não estão a promover nenhum tipo de violência contra o Estado de Israel pelo simples facto de ser um Estado, mas por uma acção que esse Estado está a ter contra o povo palestino em Gaza.

Nesse sentido, acho que as manifestações e os protestos dos estudantes na Sciences Po, na Sorbonne, em todas as universidades francesas ou mesmo a nível europeu vão continuar e tomar as medidas que sejam necessárias para que o Governo e as instituições ouçam o que os estudantes têm a dizer sobre este conflito. 

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